o jogo de xícaras
de fina porcelana
tem muitos anos
de guardado
nenhum de uso
assim como a toalha
bordada a mão
e a caneta de ouro
em que a tinta secou
sem nunca traçar um risco
bagagem
deusatela
viagem
Não durma demais nessa hora
o tempo passa
o trem descarrilha
a morte enlaça
Não volte tarde
não vague madrugadas
o sono é sábio e sonha por você
a noite inteira
não acorde nem mate o monstro
que vigia a casa
mas tenha sempre perto da porta
a trivial bagagem
se a viagem for intempestiva e obrigatória
durma e descanse
pode ser a hora
pode ser que seja tempo
de virar a mesa mudar a rota
saltar às cegas para um novo mundo
recomeçar pode ser o fim
morrer pode ser depois
deixe sempre por perto
a velha carta dos sonhos
e o passaporte válido
partimos
uma hora antes da hora
pés arrastando a vida
e alguma história
.
chão feito de rochas
mapa em branco
e nenhuma vara de condão
.
na bagagem
pouco mais que nada
além das asas partidas
mínimos deslizes

by desenhando o mundo (tumblr)
falo de maneira obtusa
calo o que é obvio
e finjo não saber
.
tenho um nome estampado no peito
mínima bagagem sempre no porta-malas
um carrinho de rolimã atrás da porta
.
para o que servem não importa
arrasto uma história por todo lado
escritos que não chegam ao fim
.
como a casa onde me alojo
construí com as próprias mãos
e esqueci de abrir janelas e porta
.
logo eu
claustrofóbica