ao ar livre
sem tempo a ganhar
ou perder
atravessar uma praça
caminhos possíveis
vários
sem mapas
pés tateando folhas
tocar o ar
cheirar o azul
música feita
de sons falas cheiros
.
seguir o vento
levando
sonhos a passeio
ao ar livre
sem tempo a ganhar
ou perder
atravessar uma praça
caminhos possíveis
vários
sem mapas
pés tateando folhas
tocar o ar
cheirar o azul
música feita
de sons falas cheiros
.
seguir o vento
levando
sonhos a passeio
.
amanhã será outro dia
e ainda assim esse dia não vai partir
permanecerá entre fronhas e presságios
.
mas a vida não vai te abandonar
nem te permitir morrer de dor ou tédio
persistirá latente
.
e em pouco te atropelará
os momentos de luto serão suspensos
tomados de assalto por contas e caos
.
o alerta será vermelho o tempo curto
a urgência de inúmeras coisas
trará de volta o intenso tráfego do dia-a-dia
.
as noites serão longas e iguais
durante um tempo sem tempo
montanhas de dúvidas e cavalos de batalha
.
mas aquele dia que você acreditou jamais esquecer
aos poucos irá desbotando
ao contato com raios de sol e vaga esperança
costuradas em silêncio
esboços de sombra e luz
traços sutis carinho
passeios por trilhas da memória
escavações e surpresas
.
noites de lua
viagem a um outro país
jardins de inverno sacadas portões
flores brotando ao acaso
temporada de descobertas
.
e nós
pássaros migratórios
esquecemos de partir
quero sem querer
algo iminente
irá acontecer
independente
de tudo
existe o aqui
aí talvez lá
nesse entre em que estou
já disse isso antes:
é só um suspiro
ou suspense
suspenso nas horas
que resvalam
tomo um café
rabisco anotações perfis
esboço meu susto
meu rosto
mil traços
Tenho questões pendentes
que me esforço por resolver
embora duvide do valor do que se faz
da dor que nada traduz
da espera nos pontos de ônibus
Tenho reunido impressões
em fotos em abraços em branco
guardado amores em rascunhos
apostado em noites sem lua
em corpos sem rosto
em rostos sem amargura
Tenho feito de tudo um pouco
e pouco me ajudam os mapas
as viagens de qualquer espécie
e os dicionários de antônimos
Mas me esforço para sorrir
bilhar junto aos primeiros raios de sol
e embarcar em sonhos e planos
às vezes em alto mar
outras em voos rasantes
Viajo em rios caudalosos
em braços feitos cipó
um dia maremoto outro túnel do tempo
outro ainda lições de silêncio
ou um amor que dura infinito momento
sem tempo sem muros
semente
Não durma demais nessa hora
o tempo passa
o trem descarrilha
a morte enlaça
Não volte tarde
não vague madrugadas
o sono é sábio e sonha por você
a noite inteira
não acorde nem mate o monstro
que vigia a casa
mas tenha sempre perto da porta
a trivial bagagem
se a viagem for intempestiva e obrigatória
durma e descanse
pode ser a hora
pode ser que seja tempo
de virar a mesa mudar a rota
saltar às cegas para um novo mundo
recomeçar pode ser o fim
morrer pode ser depois
deixe sempre por perto
a velha carta dos sonhos
e o passaporte válido
uma hora antes da hora
pés arrastando a vida
e alguma história
.
chão feito de rochas
mapa em branco
e nenhuma vara de condão
.
na bagagem
pouco mais que nada
além das asas partidas
Colón – a praça
um pombo caminha
junto a minha sombra
quase sobre mim
como se eu não …
.
paro
se levantasse os braços
e ele não me notasse?
saberia que …
nada de testes
.
aguardo uma retratação
uma exposição de fotos
uma expedição longínqua
para algum território
ou vazio
.
são muitas setas planos motivos
aguardo a última chamada
talvez vá
talvez voe