De longe tento contato
Penso em você
O telefone desligado
Produz uma distância inesperada
Vagueio por paisagens involuntárias
Sei que poderia seguir por qualquer lado
Não trago mapas, exercito meu senso de direção
Que é vago, displicentemente.
Talvez eu queira me perder
Sento-me num local público
Roubo trechos de conversas alheias
Em línguas que não procuro identificar.
Alguns olhares cruzam os meus
Em uns, percebo, a mesma inquietude
Outros apenas fotografam a paisagem
Para mais um álbum sem ninguém
Minhas fotos tem legendas
Que ao invés de explicar, interrogam
Ao fim do dia se alguém perguntar
Não saberei dizer onde estive ou porquê
E no dia seguinte novamente
Vagarei pelas ruas
Transitarei por pensamentos alheios
Evitando meus labirintos
Talvez fique tonta de muito respirar
Talvez encontre um barco para voar
Uma rima velha para brincar
Uma outra forma de olhar
E tentarei mais uma vez seu telefone
Como se discando esse número
Eu pudesse te tocar