afastar-se para ver
não o detalhe
afixado no dia-a-dia
mas o horizonte
a flor diversa
o traçado dos mapas
o dia seguinte
afastar-se para ver
não o detalhe
afixado no dia-a-dia
mas o horizonte
a flor diversa
o traçado dos mapas
o dia seguinte
nessa primavera
repleta
de manhãs belas
plantei
belas manhãs
no jardim
deixei cair
o livro a flor o cajado
subi morro
dormi aqui ali
vi um cão morto
senti o vento
pressentimento bom
subi uma encosta
desci beirando rio
acho que vi um anjo
sorriu pra mim
um pássaro
voou alto
outro pousou
nessa dorzinha antiga
que não me deixa
feche os olhos
nesta varanda
as flores não vão
te deixar morrer
.
ouça o barulho do mar
entoe uma cantiga
conclua aquele pensamento
fugidio
.
confie
rasgue a carta de adeus
a bula do remédio chamado certo
.
relaxe
algo de bom
vai acontecer
.
repare no broto de girassol
em instantes
a casca da semente
vai se romper
.
os seres invisíveis
estão aqui
feche os olhos
para vê-los
.
as flores sorriem
porque você veio
por você
Mar ou ar
Flor ou cor ?
O que importa se ao te ver
Caem por terra todas as minhas convicções ?
Tudo que defendo ou nego fica pequeno
E eu me vejo
Paralela ao mundo
A traçar diagonais e círculos
A falar pelos olhos
A olhar em silêncio
Evitando chegar tão perto
De onde não seria mais permitido
A mim ou a você
Partir ou chegar
Se faz noite em pleno dia
O chão falseia, tudo muda de lugar
O breu engole as cores e as saídas
E falta o ar, os motivos
De repente, gestada às escondidas
Uma flor brota do nada (do tudo)
E na calçada do teu coração
Uma raíz rompe o concreto
Outro beijo, outros braços
Apontam inesperada direção
Nasce novo dia
Não importa se dentro da noite ou em outra vida
Luz no fim do túnel
Mínima flor sorri