quem me conhece
não sabe
que parte minha
saiu a passeio
ainda menina
.
desde então
a cada entardecer
sentada na varanda
espero por ela
quem me conhece
não sabe
que parte minha
saiu a passeio
ainda menina
.
desde então
a cada entardecer
sentada na varanda
espero por ela
noite ou dia – não mais
só um ponto
águas divididas
estreito rio
não há sol ou frio
nem expectativa
talvez alguma dor
de saber a um passo
e nunca mais
image by in-dissolúvel (tumblr)
queria dizer o que as palavras não exprimem
.
De longe tento contato
Penso em você
O telefone desligado
Produz uma distância inesperada
Vagueio por paisagens involuntárias
Sei que poderia seguir por qualquer lado
Não trago mapas, exercito meu senso de direção
Que é vago, displicentemente.
Talvez eu queira me perder
Sento-me num local público
Roubo trechos de conversas alheias
Em línguas que não procuro identificar.
Alguns olhares cruzam os meus
Em uns, percebo, a mesma inquietude
Outros apenas fotografam a paisagem
Para mais um álbum sem ninguém
Minhas fotos tem legendas
Que ao invés de explicar, interrogam
Ao fim do dia se alguém perguntar
Não saberei dizer onde estive ou porquê
E no dia seguinte novamente
Vagarei pelas ruas
Transitarei por pensamentos alheios
Evitando meus labirintos
Talvez fique tonta de muito respirar
Talvez encontre um barco para voar
Uma rima velha para brincar
Uma outra forma de olhar
E tentarei mais uma vez seu telefone
Como se discando esse número
Eu pudesse te tocar
Fácil assim ter muitos filhos
Panelas de todos os tipos
Comida pronta a qualquer hora
Sol brilhando noite e dia
Um sem fim de artifícios
Fim-de-semana nas terças
Um terço rezado noite inteira
Um fio trançando o destino qual desejo
Belo perfil desenhado a bico de pena
Se a dor vier, virar a página
Mudar as peças de lugar
Rasgar as horas, se pesarem muito
Devorar livros, exercitar mundos
Todos num mesmo mínimo lugar
Felicidade plena
Alma de brincar
(homenagem a Tia Loly, que há um ano partiu para uma outra casa)