faço como aquela chinesa
que sai todos os dias
pequenos passos
sem falar ou sorrir
saudades do outro mundo?
.
vago pelas ruas
da cidade pequena
que se esconde na grande cidade
e na areia fina
de uma praia simbólica
.
a passos miúdos
costuro palavras-pensamento
enquanto procuro
meu sapato de salto
que afundou na lama
de um anteontem qualquer

me atraso
agarrada aos contos de fada
que aliviavam a solidão da infância
e imito a chinesa
que volta ao fim da tarde
.
retira sua pele branca
sua fala não dita
seus pezinhos macios
abre a porta ou a página
e parte para dentro do fora
ou para agora nunca mais