quem me conhece
não sabe
que parte minha
saiu a passeio
ainda menina
.
desde então
a cada entardecer
sentada na varanda
espero por ela
quem me conhece
não sabe
que parte minha
saiu a passeio
ainda menina
.
desde então
a cada entardecer
sentada na varanda
espero por ela
“O senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho que devo tomar para sair daqui?”
“Isso depende muito de para onde você quer ir”, respondeu o Gato.
enquanto leio
poemas avessos
talvez meus
um gato azul
me observa
distraidamente atento
sei que não ri de mim
nem se apercebe
que meu mundo ruiu
apenas se joga
da varanda
com seus olhos puxados
e seu pelo furta-cor
feche os olhos
nesta varanda
as flores não vão
te deixar morrer
.
ouça o barulho do mar
entoe uma cantiga
conclua aquele pensamento
fugidio
.
confie
rasgue a carta de adeus
a bula do remédio chamado certo
.
relaxe
algo de bom
vai acontecer
.
repare no broto de girassol
em instantes
a casca da semente
vai se romper
.
os seres invisíveis
estão aqui
feche os olhos
para vê-los
.
as flores sorriem
porque você veio
por você
alinhavo uma história
quase possível, quase crível
como se não fossem irreais
as mais concretas, ainda que absurdas
histórias de guerra e/ou de amor
.
fecho o capítulo
capitulo diante da madrugada
tomo uma taça de vinho
na varanda entre flores, duendes
pequenas árvores da felicidade
silêncios e alecrim
.
um dia isso tudo terá um fim
meu mínimo e precioso jardim
a lagoa ali defronte
o guri triste a pedir ou roubar
a tia em sua inacessível viagem
e o velho amigo ao meu lado
amenizando marés e noites rasantes
.
não faz sentido esperar
o sucesso, o amor, seja lá o que for
fui a tantos mundos, passados futuros
tentei refazer alguns caminhos
mas não há chances
de se repetir qualquer lugar
.
por isso brindo
ao capítulo findo
de um inacabado livro ou dia
a essa noite fria ainda que bela
aos motivos que nos fazem amanhecer
e à vida, que é o que temos
ainda que nem sempre saibamos
exatamente
que fazer com ela