es quinas (vania)

não sei se quem me fascina me domina

ou se quem me matará um dia

foi por quem me apaixonei

e para quem disse, por pura tolice,

que fizesse de mim o que quisesse

agora escrevo com uma caligrafia que não reconheço

como o sorriso, quase um arremedo

me sinto embriagada de mim mesma

não é a lucidez a filha pródiga da loucura ?

ou será o contrário ?

escrevo porque de fato preciso

é minha mão destra e possessiva

que me toma a vida e transmuta em palavras

minha luta diária para ser comum

me faz precisar dela, como dependente química

não posso não escrever

caminho todas as noites

por minhas próprias ruas insólitas e escuras

é inevitável, quase inexorável sina

e só não me afogo em mim

porque transbordo nesses versos

sem rimas, sem tábuas de salvação

cheios de quinas

e esquinas

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