
by Sven Fennema (Asylum Art)
esse caracol se enreda
brincando de trocadilhos
troca trilhos pinta o teto de anil
às vezes se enrosca em meu pescoço
se esconde entre versos
invade minha noite e pensamentos
destampa sorrisos
segreda promessas
.
Vive em aparente calma
mas em situações de perigo se encasula
ou se camufla
algumas vezes de gente
com olhos boca e dentes
já me convenceu certa época
de sua natureza humana
.
Mas caracol, por princípio e filosofia (eu acho)
sai pouco de casa
e muito desconfia
ao primeiro sinal de perigo
que pode ser um pingo de chuva
ou uma palavra com conotações mercantilistas
ou ainda uma centopeia (a palavra ou ela mesma)
se encaracola
encaramuja
come doces e cospe celulares
.
Misturando tudo
o que houve
o que ouviu ou não
uma planta comestível
um olhar
alguma verdade
uma frase pêndulo
um olhar fundo
uma casa
uma ou outra tolice
um sonho destecido
.
Tudo isso e tudo o mais
num hiper mega
liquidifica dor
liquidifica mor