Te encontrarei depois
Do ontem que levou
Muitos abraços e sorrisos
Te encontrarei no antes
De um amanhã que talvez chegue
Quase livre de tantos mortos
Quase esquecido dessa sombra
Que tomou os dias as horas
Essa epidemia quase uma ficção
Se não fosse real
Com seus caixões
Não cheios de pedra
Como dizem os boçais
Mas cheios de sonhos partidos
Amores sustados
E um cortejo de órfãos
Órfãos de pais e de filhos
De um país que caminha
Frio e pretensioso
Para o abismo
.
Te encontrarei em algum bar
Noite ou fim de semana
Passearemos em algum parque
Praia ou montanha
Sem dizer nada
Que é a conversa possível
No antes do depois
Poesia que me diz, que abre meus olhos, que me faz gritar, que por alguns instantes me tira desse vazio. Poemas como os de ontem, que existiram, isso eu sei, como foi sempre, embora sempre não exista.
Assim como sempre, embora sempre não exista…
Obrigada, Miriam, pela sua reflexão.
O sempre, o nunca e o longe não existem, é vero.
Mas compartilhar (ou não querer) silêncios – ou contemplações, carece de sinais.
Perigosas são as palavras que combinam, e não se cumprem, por conta de nervoso, timedez ou ansiedade. Que valham as desculpas, porque um café combinado será sempre cobrado.
E atravessamos o tempo, colecionando amanheceres e anoiteceres, sem nos dar conta de que a vida é um sopro.