nem sempre seremos felizes

alegres talvez, a maior parte do tempo

por coisas pequenas, diárias, fugazes

exercitando a alegria como um hábito

um banho morno, flexões ao acordar

uma boa risada, encontrar velhos amigos

fazer as pazes, brincar com crianças

ver Tom e Jerry, dançar um merengue

no meio da sala, ainda que só

 

raramente seremos o máximo

mas a média tem suas vantagens

como o anonimato sem compromissos

as besteiras que não são notadas

o beijo roubado que não sai na mídia

 

nem sempre seremos tristes

é só questão de tempo

esse sim dono de todos (os) nós. 

Diet

A faca fácil

O garfo magro

O prato fundo

No raso dos olhos

Fome ou medo ?

 

A boca murcha

No mastigar das horas

O prato feito

A água no copo

O oceano em pó

 

 

A faca e o corte

O travo da acelga

O óbvio do orégano

A carne crua

A vida passando lá fora

 

O garfo de peixe

O peixe póstumo

As guelras e a guerra

O olho opaco

O brilho dos talheres

 

A festa em que te procuro

E não encontro

Ou finjo

Não te encontrar

 

A fresta por onde olho

E não vejo

Além do fundo

Do prato raso

Sem riscos

Sem mais

Speeding Limit (cacá)

Como a Vânia é ocupada demais para fazer o primeiro post, eu, Cacá vou postar aqui algo de minha autoria para a inauguração.

Speeding Limit

I had a hole future up ahead, but I lost the last exit, now I’m just driving. Driving, heading to nowhere, no place to go, no place to come back to. I lost my home, I lost my dreams. Now, it’s me and the unknown road. It’s raining. But I don’t care anymore, it’s me and nothing. I can’t feel a thing beside this emptiness. Me and the dark … unknown road.

I turn off the lights.

I close my eyes.

Waiting for the next curve, that I won’t see.

It’s dark and silent.

Please come now my last curve.

Cacá Osório

estrada-chuvosa1

Para aqueles que não entendem inglês, aqui vai a tradução.

Eu tinha todo um futuro à minha frente, mas perdi a última saída, agora apenas dirijo. Dirigindo, indo para o nada, nenhum lugar para ir, nenhum lugar para voltar. Perdi minha casa, perdi meus sonhos. Agora, sou eu e a estrada desconhecida. Está chovendo. Mas eu não me importo mais, sou eu e nada. Eu não sinto nada além deste vazio. Eu e a desconhecida e escura estrada.

Desligo os faróis.

Fecho os olhos.

Esperando pela próxima curva, que não verei.

Está escuro e silencioso.

Por favor, venha agora, minha última curva.

Cacá Osório

estrada-chuvosa