
(mae-marsh-in-the-sands-of-dee – 1912)
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ao ar livre
sem tempo a ganhar
ou perder
atravessar uma praça
caminhos possíveis
vários
sem mapas
pés tateando folhas
tocar o ar
cheirar o azul
música feita
de sons falas cheiros
.
seguir o vento
levando
sonhos a passeio
o prático de mim avisa
cuidado pra não sucumbir
o sábio lembra
que só o tempo tece e destece
desfaz às vezes alguns laços
de forma tão abrupta
como cortar os pulsos
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mas no pior momento
a face amiga
suplica que respire
levante a cada dia
faça pequenas caminhadas
por terrenos não movediços
e quando a dor beira o precipício
me dá a mão
e gentilmente me afasta dali
roubo trechos de conversas
leio manchetes pela metade
mudo o radio várias músicas
a vida assim é recorte
juntar isso é sempre quase
mosaico é uma forma
de enxergar o mundo
sem encaixar coisa alguma
longe e tão perto
jogos de memória
e de espelho
dias entrando noites
abraços misturando sonhos
fechar os olhos
e por instantes chegar
em seguida saber
o ponto equidistante
em nós
abrir os olhos
virar a página
.

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trago perfume
colhido na horta
novo sonho pro sábado
e sorriso grande
de quem guarda
um chocolate no bolso
e um beijo
pra daqui a pouco

(tumblr_mwwauxA6FZ1qdnbr801_500 em-dissoluvel.jpg)
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o sol volta a brilhar
crianças brincam na praça
pássaros se banham nas poças
o verde fica mais verde
e temos mais um motivo
pra sorrir

antes de sair
o poeta guarda
cuidadosamente
suas asas
entre as folhas
do caderno