.
a noite passeia
por corredores
de casas estranhas
hotéis sem estrelas
hospitais abandonados
sem paz
a mente vaga
repete cenas
alimenta dúvidas
sem trégua
o corpo desiste
exausto o sono chega
mas não acolhe
.
a noite passeia
por corredores
de casas estranhas
hotéis sem estrelas
hospitais abandonados
sem paz
a mente vaga
repete cenas
alimenta dúvidas
sem trégua
o corpo desiste
exausto o sono chega
mas não acolhe
(tumblr_n7oeyoWiUD1rr2cq6o1_400 em-dissoluvel)
.
o sal no pote de sal
coisas velhas nos sacos de lixo
roupa suja na máquina
os lençóis na cama
livros na estante
de preferência em ordem
alfabética por autor
.
fechar a porta
com cuidado sair
jogar fora o saco com passados
gastar as horas e a sola dos sapatos
aliviar o coração
tomar água de coco
pra tirar o gosto de fim
.
abrir a porta com três voltas de chave
recolocar os pingos nos is
a roupa no varal
tomar um banho quente
fazer um chá
e antes de dormir
devolver as estrelas pro céu
não lembro de quando parti
e se tento voltar
é pra rever estrelas
no mesmo céu da infância
conferir latitudes
constelações
e tentar resgatar
amigos e sonhos
que se perderam em mim
.
Fizemos uma festa
Não exatamente uma festa
Pois a convidada principal
Não poderia estar presente
Ainda que tomasse tudo e sorrisse
Caminhamos na praia
A lua e as estrelas brilhavam sem cachê
Por pura vontade de existir
Em sintonia com o universo
Vi uma estrela cadente
Fiquei feliz ainda que o coração partido
Pedi nada e ao mesmo tempo tudo
É sempre assim na aflição de responder
Em um segundo qual o nosso especial desejo
Neste momento o desejo maior
Não poderia ser satisfeito
Tem coisas da vida que não tem direito
A retoques ou correções
O céu estava lindo de doer
O mar brando ia e vinha em seu eterno repetir
Formávamos um grupo inusitado
Em nenhuma outra circunstância
Estaríamos ali juntos
Pés afundando na areia passos sem motivo
Enquanto uma estrada paralela e clara se desenhava
E nossa amiga seguia por ela
Ao som de pássaros e violinos
(para Denise)
jogaria tinta naquele céu de inverno onde as estrelas quase me cegavam de tanto brilho ainda que tudo que eu quisesse fosse deitar-me sob seu manto e dormir
.
protegida da vida, das coisas pequenas e das grandes, das possibilidades do amanhã e de tantas incertezas
.
se pudesse, como na tela do paint ou do fotoshop, pegaria o pequeno regador e jogaria no manto do céu todas as cores do cardápio
.
testaria o céu lilás o rubro o sépia
e pensaria em nós em cada cenário
cada cor um de nossos sets
cada nuance um capítulo diferente de nossa recente estória
.
e antes de dormir fecharia a tela sem gravar nenhuma alteração
porque o céu que guardo em mim
e que me protege com seu manto de estrelas
é aquele que sempre me viu por aqui