brecha

a porta estava aberta

entrei sem querer

querendo

não sei bem sobre o que falamos

se é que falamos

se disse sim 

disse não

quando acordei

o sol debruçado na cama

coloria nossos corpos 

entre lençóis e sonhos

amarfanhados

abri a janela 

e ela me ofereceu 

um céu azul

de praias distantes

e outras tantas

portas

janelas

são muitas

janelas entreabertas

portas fechadas

bato escancaradamente

em algumas delas

nada

.

subo pelas paredes

tento alcançar varandas

o homem-aranha me tira

da cena

não aceita coadjuvantes

nenhuma estrela

ainda que cadente

a lhe fazer sombra

desisto

.

deslizo muro abaixo

de volta ao térreo

ao reles mundo sem asas

apago a luz

recolho o sonho

tranco a porta

com sete chaves

e nenhum acorde

mínimos deslizes

by desenhando o mundo (tumblr)

falo de maneira obtusa

calo o que é obvio

e finjo não saber

.

tenho um nome estampado no peito

mínima bagagem sempre no porta-malas

um carrinho de rolimã atrás da porta

.

para o que servem não importa

arrasto uma história por todo lado

escritos que não chegam ao fim

.

como a casa onde me alojo

construí com as próprias mãos

e esqueci de abrir janelas e porta

.

logo eu

claustrofóbica