nestes dias
onde raízes se põe a mostra
contorcidas como não as vemos
enquanto se guardam nas profundezas,
não aguardo o inverno
mas o intenso calor dos trópicos
sempre cheio de alegorias
alegrias fáceis e, talvez,
entre multidões escondida
a envergonhada e óbvia solidão
que a custa de um enorme esforço
tentamos esquecer em alguma esquina
.
dilemas – a escolha que não fazemos
aí, escancarada num verão febril
não basta fingirmos ser feitos de barro
somos barro e vamos esfarelar
de qualquer modo em alguma estação
sem legenda, pósfacio ou absolvição
talvez uma chuva de lágrimas
ajude a moldar na argila ou areia
a arte que guardamos sem saber
e do embate: dor ingenuidade e fraude
acabemos por entender
alguma coisa desse infinito que somos