bolhas de sabão

Por que no fundo todas as cidades pequenas se parecem ?

Por que ao meio dia todos desaparecem ?

É um almoço único num anfiteatro onde todos se encontram ?

E depois ?,  Vão todos dormir a sesta ?

Que lugar tão grande guardará tantos sonos ?

Por que no fundo tudo se parece ?

A minha vida e a sua, aparentemente tão díspares,

é só remexer um pouco, haverá lá no fundo uma lembrança triste,

uma antiga paixão, uma ânsia de liberdade,

um medo ou segredo cansado e já sem motivo.

Por que juntando tudo, nada dura para sempre ?

O poema se mistura com a xícara de chá no fim da tarde,

a boneca de pano adormece sobre o primeiro livro,

os sonhos se mesclam, o filho menino, o laço de fita,

Onde fica a jura de amor sem fim, o desejo de correr atrás do arco-íris,

o brincar com bolhas de sabão, em breve desaparecendo no ar, como tudo o mais ?

Tudo o que se juntou, o que poderia ter se deixado ir, simplesmente,

o que nem precisaria ter acontecido, tudo, sem exceção: bolhas de sabão.

Porque no final das contas não há saldos nem dívidas para se levar,

fica tudo por aqui mesmo, fechado num baú ou ao relento.

Porque depois de tudo só restará o bom que foi ou o bem que se fez,

este é o tesouro que não se guarda, e tem seu valor em não ser de ninguém.

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