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ligar o silêncio
apagar luzes
respirar
saudar a natureza
e aos poucos
chegar
.
ligar o silêncio
apagar luzes
respirar
saudar a natureza
e aos poucos
chegar
.
asilar-se
por alguns sóis
na força do deserto
na sombra pouca
do valor raro
do vaso etrusco
assombrar-se
na vastidão do céu
sem luzes ou cidades
dias sem lua
deixar-se tomar
pela imensa estranha
sensação de ser
um ínfimo grão
e ainda assim
ser tudo
.
.
.
trago perfume
colhido na horta
novo sonho pro sábado
e sorriso grande
de quem guarda
um chocolate no bolso
e um beijo
pra daqui a pouco
(tumblr_mwwauxA6FZ1qdnbr801_500 em-dissoluvel.jpg)
.
o sol volta a brilhar
crianças brincam na praça
pássaros se banham nas poças
o verde fica mais verde
e temos mais um motivo
pra sorrir
.
folheio álbuns fotos cartões postais
catalogando:
guardar queimar esconder
e um monte fica sobrando
para um outro olhar
.
invento histórias
para os coadjuvantes
interrogo aqueles que reconheço
e me detenho especialmente
naquela que fui
.
pergunto sem meias palavras
o que dela em mim permanece
enquanto avalio disfarçadamente
o que dela perdi na poeira do tempo
somo divido multiplico
tudo é contundente e inconcluso
.
e no silêncio da noite
volto as fotos preservadas em segredo
caminho por aquele passado
do qual não posso me desfazer
nem decifrar
.
a noite passeia
por corredores
de casas estranhas
hotéis sem estrelas
hospitais abandonados
sem paz
a mente vaga
repete cenas
alimenta dúvidas
sem trégua
o corpo desiste
exausto o sono chega
mas não acolhe