do outro lado do mundo

Ed Fairburn

Ed Fairburn

nestes dias

onde raízes se põe a mostra

contorcidas como não as vemos

enquanto se guardam nas profundezas,

não aguardo o inverno

mas o intenso calor dos trópicos

sempre cheio de alegorias

alegrias fáceis e, talvez,

entre multidões escondida

a envergonhada e óbvia solidão

que a custa de um enorme esforço

tentamos esquecer em alguma esquina

.

dilemas – a escolha que não fazemos

aí, escancarada num verão febril

não basta fingirmos ser feitos de barro

somos barro e vamos esfarelar

de qualquer modo em alguma estação

sem legenda, pósfacio ou absolvição

talvez uma chuva de lágrimas

ajude a moldar na argila ou areia

a arte que guardamos sem saber

e do embate: dor ingenuidade e fraude

acabemos por entender

alguma coisa desse infinito que somos

céu imaginário

céu imaginário 2

 

 

jogaria tinta naquele céu de inverno onde as estrelas quase me cegavam de tanto brilho ainda que tudo que eu quisesse fosse deitar-me sob seu manto e dormir

.

protegida da vida, das coisas pequenas e das grandes, das possibilidades do amanhã e de tantas incertezas

.

se pudesse, como na tela do paint ou do fotoshop, pegaria o pequeno regador e jogaria no manto do céu todas as cores do cardápio

.

testaria o céu lilás o rubro o sépia

e pensaria em nós em cada cenário

cada cor um de nossos sets

cada nuance um capítulo diferente de nossa recente estória

.

e antes de dormir fecharia a tela sem gravar nenhuma alteração

porque o céu que guardo em mim

e que me protege com seu manto de estrelas

é aquele que sempre me viu por aqui